14/03/2011

Eu não sabia como nem onde. Eu estava presente naquela cena, de alguma forma, sim. Fui tocada em meu âmago pelas circunstâncias, no meu mais profundo eu. Não era o peso da eternidade. Não havia peso. Era a eternidade, sozinha, em seu âmago. Porque talvez ela seja it, como Clarice denomina.
Ele estava lá e não estava só. Eles estavam. Lá. O primeiro eu não havia conhecido, não no sentido primitivo de conhecer, como presença, toque, pele. Metaforicamente sim, eu conhecia. Ouvira muito falar dele, histórias contadas, fotografias vistas que complementaram na imagem que possuía em meu pensamento. Presencie sorrisos, abraços, conversas nossas, que não existiram nesse mundo. Mas ainda assim havia grande afeição entre nós, um grande carinho e entendimento, que ultrapassa qualquer tentativa de explicação. Era o olhar, penso eu. Parecia-me tão feliz e alegre com nossa presença, ou minha presença. O seu sorriso era o maior do mundo, abrangia todos os possíveis sentimentos. Era ternura, carinho, cumplicidade. Estávamos de igual para igual. As responsabilidades estavam divididas igualmente entre nós, como deve ser. Lágrimas começam a escorrer e o coração acelera.
O segundo já era um velho conhecido, esteve comigo uns belos 14 anos. Foi bom reencontrá-lo, poder senti-lo mais perto do que normalmente. Tudo bem que estar perto não é físico, como diz o Ismael, e eu acredito piamente nisso que ele disse. Mas é diferente, poder vê-lo, tocá-lo. Presente ele sempre esteve nesse tempo de lá pra cá e sempre vai estar, mas a sensação ali era outra. Estávamos pertos como antes, juntos, com pele, calor e calafrio. Dele eu sabia mais sobre. Foram 14 anos e todo o resto de minha vida. Mas creio que não preciso dizer tudo, apenas eu saberei quando algum dia reler o que escrevo. Não precisa ser dito, apenas conhecido. Uma pequena observação: não existe primeiro nem segundo, não há ordem. Não há critérios de classificação para tal, foi a intensidade do momento. Os olhos voltam a ser enxutos sem excesso. Os dedos tremem um pouco agora.
No instante de nós três juntos, ainda tinha mais. JP? Sim, JP estava conosco. Ele e o primeiro se falavam e faziam brincadeiras por todo o tempo. Não tinham descanso. Não se cansavam. Como era encantador quando o primeiro me olhava e sorria em meio a sua eterna alma de criança. A mente travava uma batalha com os olhos para acreditar, mas sim, havia brilho, luz. Como era possível? Aquele sorriso não era normal, não era comum. Tinha algo de especial. Mais do que isso, aquela imagem, a cena, tudo se gravou em minha memória e lembrar é inacreditável, é acreditar no inexistente. Mas sim, existe, porque eu vi. Eu me lembro da luz. Da energia que aquilo me trazia. Inundava-me de um sentimento it, de renovação. Era um espetáculo. O sorriso eu não conhecia. Conhecer foi maravilhoso. Fora o sorriso mais esplendoroso. Não encontrarei igual em nenhum outro lugar, em nenhuma outra pessoa. Fora único, divino. Era para trazer esperança, para me mostrar que tudo é possível se a gente acreditar, e que anjos existem. No momento em que eu ver novamente essa luz me irradiando talvez eu esteja junto ao primeiro, junto a ele, a eles. E então estaremos para sempre juntos, pertos. Somente nós, os três. Então serei a terceira, dando continuidade a eles.

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